mas tenho saudades da minha gatinha... nunca pensei mesmo que lhe fosse sentir tanto a falta.
Sapatos do dia | sabrinas Melissa brancas, de plástico, com botõezinhos pretos. Lindas, lindas, (caras!), lindas e acabadinhas de comprar numa das fantásticas lojas do bairro alto...
Porra.
Ás vezes tenho a sensação que o chão não é real. Tão depressa existe como vou a correr e dou passos no ar, galgando metros e metros de película. Toda e qualquer película é cara e não podemos fazer filmes acerca disso. Daí que todos os bocadinhos têm que ser tão bem aproveitados.
Tal como diz Álvaro de Campos (e que mania essa a do Pessoa em ter sempre coisas que são exactamente as que eu estou a pensar):
Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.
Row, row, row, row...
Admiro-te a paciência e o fôlego para me dares uns berros quando me esqueço que estou num barquinho que é preciso remar. Provavelmente porque vi um gatinho em sentido contrário e fiquei a ver para onde ele ia, atraiçoada pela minha memória de peixe e com olhinhos enfeitiçados.
O meu feitiço és tu.
Sapatos do dia | hmmmm... meias anti-derrapantes. De preferência em casa e durante os fins de semana.
Se a vida fosse um curso (que mais do que isso, é o ensinamento durante cada segundo da nossa existência, no curso mais intensivo que conheço), quando nos licenciassemos em "vida", o que levaríamos como as boas recordações?
Tal como as melhores recordações que tenho do meu curso são coisas do género: ir dormir a casa da Ana; passar dias na Quinta do João; ouvir "tosta mista" no bar; dormir no piso -3; perseguir a Catarina; adormecer nas cadeiras do A4 quando o David Barro metia filmes parvos; muffins de chocolate e muitos, muitos trabalhos parvos sobre temas ainda mais parvos que davam boas notas, posso afirmar que sim, a maioria das coisas não são matéria dada em aula. Essa fica tão cá dentro (ou não) que depois acabamos por a utilizar sem dar por ela.
Tal como a vida.
Uma das coisas que eu mais gostaria de recordar é a magia de ter uns pés quentes junto dos meus. E que bom será se esses pés me acompanharem na minha licenciatura. É o poder dizer "olha, já viste quantas pegadas nossas andam por aí"?
É como os ovos cozidos que explodem no micro-ondas... E depois quando achamos que o outro ovo (ainda) inteiro não oferece perigo nenhum e o tentamos cortar com uma faca, o que acontece? Explode. Explode e ficamos com bocadinhos de ovo na cara, no cabelo, na roupa, no chão, nas paredes e no tecto da cozinha...
É a magia de termos coisas tão nossas, ainda que eminentemente tão anormais.
:)
*abracinho de melhoras nessas costinhas
Sapatos do dia | Detesto estes sapatos de verão de agora, com um buraquinho palerma e irritante no dedo grande do pé...
Ás vezes tenho aquela sensação de ponto de interrogação. Curvo-me, recurvo-me, serpenteio-me e olho para de onde venho para ter a certeza que fiz as perguntas certas.
Está complicado voltar a fazê-las. Sinto-me uma vírgula. Naquele impasse, naquele tempo que há entre o inspirar e o expirar. Os pontos finais não me assustam, porque vem sempre a seguir um parágrafo e um travessão na nova linha.
Eles andem aí...
Sapatos do dia | com este calor, só sandálias. De cunha, mas confortáveis. Verdes, com uma fivela pequenina.
Acredito que quando os gatinhos morrem vão para o céu. E é lá que está a Ervilha.
Gosto muito de ti, Ervilhinha, estejas onde estiveres, num cantinho do céu. Numa núvem, a brincar com os teus amiguinhos imaginários. A ronronar docemente, enquanto os teus pensamentos profundos de "vou dormir em que colo hoje?" se diluem em suspirinhos em cima do sofá.
Estou de consciência tranquila. Não houve dona que adorasse mais a sua gatinha.
Sapatos do dia | Almofadinhas de gato.
Açaime!!!!
brrrr....
Sapatos do dia | Hoje eu é mais dentes.
Para onde foram os nossos desejos de Ano Novo? Será que voltaram para a caixinha dos desejos de fim de ano, para voltarem a ser descobertos no ano que vem? Ou pertencem aos desejos que temos sempre? Daqueles que não precisam de baú, nem de pó, nem de chaves velhas e ferrugentas? E que são tão nossos que o que acontece geralmente é ninguém saber deles. São difíceis de arrancar, de sair da cabeça e do coração. Se os dizemos, deixam de ser mágicos. Quase como quando nos cai uma pestana. Alguém segura-a entre os dedos e pede-me "diz um desejo". Nunca fui capaz de dizer um dos grandes. Achei sempre que mais valia abdicar de um desejo pequenino do que ter que formular um dos meus sonhos. Têm tanto sentido na minha cabeça. Valerá a pena abrir mão deles?
A realidade das coisas tem muitas facetas. E à medida que vou crescendo vou-me dando conta que é talvez demasiado dura para servir de colchão aos meus sonhos. Prefiro atirá-los de cima, como uma serpentina, como pétalas de rosa daquelas que têm um cheiro carinhoso, como uma chuva de pó de estrelas. Cai sobre as coisas e torna-as um bocadinho mais brilhantes, tem um bocadinho mais de mim. Mas o delicioso, é que só eu identifico.
Lembro-me da colecção de folhinhas de cheiros quando era pequena. Era um dos meus maiores tesouros e se me dessem a escolher, levaria comigo para sempre o bloquinho que cheirava a morango, como as minhas canetas. Era a combinar, o que para mim era perfeito. Lembro-me que gostava tanto desse bloco que decidi nunca o usar e guardar para uma ocasião mesmo, mesmo, mesmo especial.
Até que perdeu a cor e o cheiro a morango. Ficou intacto. Mas durante muito tempo imaginei o que de facto seria tão especial que merecesse ser ali escrito. Sonhei.
Devem ser os sonhos escritos em páginas de bloquinhos ou serem atirados das núvens em forma de pó de estrelas? Qual perde a magia mais depressa?
Sapatos do dia | Não sei o nome, mas chamo-as "socas de enfermeiros". Existem em muitas cores e têm buraquinhos para espetar formas giras.
Não me queria ir embora sem te dizer ao ouvido. Entre um passo e outro, as pegadas começam a aparecer na areia. Não me importo que as ondas as levem. Já reparaste no tamanho do mar? Tantas gotas de água. Tantas pegadas lambidas com sabor a sal. Tanta espuma que te arrefeceu os pés e aqueceu o coração. Sabemos os passos que demos. Olha para trás. O que vês? Um barco à vela. Para onde te leva o barquinho?
Acredito que o coração tem desejos. Acredito que as linhas da mão não são mais do que as ondas do mar e o sol e o vento que testemunha as nossas pegadas.
O cansaço é muito, eu sei. O corpo merece descanso porque é uma máquina a meter coisas na cabeça. Mas o coração tem sempre que desejar. Sempre.
Sapatos do dia | chinelos. Tenho saudades de andar de havaianas na areia.
Acordo com música. Ahh? Que é isto? Mas eu ainda agora estava a sonhar com... com...hmmm... esqueci-me. Pestanejo. Abro só um olho para ver as horas, na esperança de ter sonhado com uma música que me acordava. Mas não. Fecho este olho e abro outro (é importante ter um olho fechado para não deixar fugir o soninho...). Desisto. Abro finalmente os dois olhinhos papudos e meto um pé de fora. Espero... Terei eventualmente que meter o outro pé no chão, não é? Atiro os lençóis para trás e rebolo na cama, para ficar aquele... segundo.... mais.... na.... cama. Levanto-me. Os olhos teimam em fechar e dou pontapés estúpidos à mesinha de cabeceira a pensar que estão lá os meus chinelos. Calço-os. Hoje acertei, porque costumo calçar o esquerdo no direito e vice-versa. Vou trôpega para a casa de banho. (às vezes penso que estou no Porto e vou contra o armário, porque lá a porta é noutro sítio...) Vejo-me de relance no espelho mas estou com demasiado sono para me assustar. Entro na casa de banho e olho para o espelho. Aí sim, penso "vai ser um longo dia..." Tomo banho, lavo os dentes (mas devagar, que eu de manhã nunca tenho pressa), ponho os meus cremes e penso no que vou vestir. Aí lembro-me "Fuck, hoje tenho reunião". Abro o armário, tiro uma camisa e umas calças de fato e vou a correr passar a ferro. "Que saudades do tempo em que me passavam a roupa a ferro!" Ligo o ferro, vou secar o cabelo e a meio penso que me esqueci de meter água no ferro, pelo que este nunca passaria a vapor e me levaria o triplo do tempo. Passo a ferro o raio da camisa e juro para mim mesma que vou odiar passar camisas para o resto da vida. As calças? No fundo no fundo, não precisam de ser passadas. Mais um segundo de observação e concluo que inevitavelmente vou ter que me sentar, por isso não vale a pena tirar aquele vinco, porque ele vai aparecer de novo. Uf. Menos uma coisa para fazer. Meias? Onde é que as tenho?
Vou acabar de secar o cabelo e o meu enigma vital passou a ser se levava casaco de malha ou casaco de fato. Resolvi o enigma rapidamente, estou sem paciência. Vou escolher os sapatos enquanto estou a por os brincos e o colar me estorva em tudo o que faço. Sapatos? Não tenho nenhuns!!! Tenho só muitos sapatos, mas chego sempre à conclusão que não era nenhum daqueles. Enquanto calço os meus típicos sapatinhos de salto do costume, penso para mim mesma "que vergonha, assim vestida e com uns sapatos destes, que não têm nada a ver com nada. Tás parva. Amanhã tenho que comprar uns pretos, com tacão baixo" (NOTA: digo sempre isto, mas compro sempre todos os sapatos que quero excepto os que realmente me fazem falta...) Quando penso finalmente que já está, que vou fazer a minha super tacinha de cereais descansada, ocorre-me o real pormenor "fuck, tenho que me pintar". E é ver-me a tirar o meu potinho das pinturas a toda a velocidade e a dirigir-me para a cozinha (sim, a cozinha. É a divisão com melhor luz nesta hora matinal do dia. Se me pintasse na casa de banho, pareceria que levei dois murros. Giro.) Enquanto disfarço as olheiras, dou sempre graças por o corrector de olheiras parecer infinito e nunca me deixar ficar mal nestes dias. Acabo o resto da pintalgadura e sinto que pareço um ser humano saudável a olhos distantes!
Como finalmente os meus súper cereais (mas devagarinho para não borratar a pintura e cheia de guardanapos para não entornar nada nas calças).
E saio de casa a achar que o trabalho começa de facto muito antes de chegar ao gabinete ou às reuniões...
Enfim.
Sapatos do dia | os meus sapatos salva-vidas em dia de reunião. Querer, queria Prada, Prada, Prada.
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